NOVOS PROGRAMAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
REFLEXÃO CRÍTICA
Formanda: Melânia Moniz Pereira Henriques Veiga
Caldas da Rainha
Formador: Luís Redes
Ninguém contesta a importância da Língua no desenvolvimento do pensamento, da personalidade e do carácter do cidadão. Não admira, portanto, que a maioria dos países atribua à Língua Materna um número de horas superior ao das outras disciplinas, no seu desenho curricular.
No primeiro contacto com os novos programas fiquei preocupada por não serem estabelecidas metas clarificadoras, já que os resultados esperados não condicionam a progressão do aluno, dependendo do perfil do público-alvo. Nesta ordem de ideias, vários factores poderiam inviabilizar a manutenção do Projecto ao longo do percurso de estudos do aprendente. Por consequência, os resultados nas escolas dependeriam do meio em que se encontrem implantadas. Ora, a análise dos GIP fez-me compreender que, pelo contrário, no espírito do Projecto se encontra o desejo de colmatar as diferenças provocadas por assimetrias sociais, por meio do nivelamento do conhecimento da Língua e da cultura. Pareceu-me, então, que se trataria de uma nova proposta destinada a obter fatalmente um resultado igual ou inferior ao do anterior programa.
Posteriormente, numa análise mais atenta, e por efeito dos tempos de Formação, devo reconhecer potencialidades neste Projecto. Parece-me, afinal, uma forma rigorosa, e possível, de conseguir que todos os alunos, independentemente da sua origem, possam usufruir da excelente ferramenta que se concretiza no domínio da Língua Materna.
A primazia dada ao conhecimento explícito da língua, que sempre se me afigurou fundamental, despertou o meu interesse. Apliquei alguns GIP e produzi outros semelhantes. Pedi a colegas, com alguma experiência, que experimentassem os que desejassem. Foi possível concluir que o método seguido se adequa à caracterização do «aluno actual» que, se possível, limitaria o seu trabalho escolar às tarefas desenvolvidas em sala de aula. Quanto ao tempo atribuído aos diferentes GIP, por vezes, pareceu exagerado, mas, obviamente, acaba por corresponder ao dobro do tempo utilizado com outros métodos. O GIP permite, além disso, mobilizar a atenção dos alunos menos interessados, ou com dificuldades de aprendizagem, com possível melhoria nos resultados das aprendizagens. O desenvolvimento das competências, em espiral, e a metacognição aprofundam a assimilação mas deixam em aberto o problema de não ser expectável que os resultados esperados no primeiro ciclo sejam atingidos. Assim, se não forem tomadas outras medidas, uma parte dos alunos continuará, apesar de tudo, a ocupar as franjas menos favorecidas, requerendo horas de aulas suplementares, apoio diferenciado em sala de aula, etc..
Nestas condições, parece-me indispensável que as escolas se organizem utilizando as anualizações mais interessantes para os seus alunos; que os professores trabalhem em sistema cooperativo, na horizontal e na vertical; que se façam aferições internas ao longo do ano; que os alunos possam beneficiar, durante as aulas, de um «time out» para recuperação de conhecimentos. Mais do que aplicar um programa, impõe-se que as suas potencialidades atinjam todos os alunos. Do mesmo modo, à semelhança de outros países, e se quisermos ser eficazes, o número de horas atribuído à disciplina de Língua Materna terá que ser aumentado.
Desejo ainda referir o meu agrado perante a estrutura e desenvolvimento dos tempos de formação nesta Acção. Apesar da sobrecarga de trabalho que esta Formação representou, valeu pelo interesse, pelo desafio e pelas respostas obtidas.
A Formanda
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- Melânia Moniz Pereira Henriques Veiga –
Caldas da Rainha, 16 de Junho de 2010.